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Resenha: Oralidade e escrita – Narradores de Javé

Autora: Tainá Dias – Primeiro ano/EM

O filme “Narradores de Javé”, produzido no Brasil em 2003, ganhou dois prêmios no “Grande Prêmio Cinema Brasil”, nas seguintes categorias: Melhor ator coadjuvante (Gero Camilo) e melhor roteiro original. Ganhou 3 prêmios no Festival do Rio, nas seguintes categorias: Melhor filme-júri oficial, Melhor filme-júri popular e Melhor ator (José Dumont). O gênero é drama, dirigido por Eliane Caffé.

“Narradores de Javé” conta a história da pequena cidade de Javé que é ameaçada a ficar submersa e virar uma usina hidrelétrica. Javé só poderia ser salva se fosse provado que o vilarejo é importante como patrimônio histórico ou cultural do país. Com a indignação dos habitantes, eles decidem chamar Antônio Biá para escrever, e assim, legitimar a história da formação do povoado.

Fonte: Google Imagens

Biá já tinha fama de possuir “imaginação fértil”, ele era o carteiro da cidade, porém, como os habitantes eram todos analfabetos, não existia a circulação de cartas, então, para movimentar o povoado, ele escrevia cartas contando detalhes picantes, aumentados e até inventados dos habitantes de Javé, evitando que a agência de correios local fechasse e ele perdesse o seu emprego, nisso, ele despertou a ira de todos e foi expulso da cidade.

Durante a escrita do documento, ele encontra algumas dificuldades, entre as principais a falta de coerência das histórias. Enquanto ele entrevistava os personagens, ele percebeu que cada um contava uma história completamente diferente.

É interessante e pertinente observar que a escrita é muito mais valorizada que a oralidade. Biá se encontra no filme tentando “organizar” as ideias e ele não conseguiu escrever o livro pela falta de coerência nas histórias. Como algo básico, que é a escrita, que é ser alfabetizado, muda a vida das pessoas, no caso do filme, os habitantes ficaram sem o vilarejo e sem sequer indenização, só por não saber como colocar no papel a importância que aquela pequena cidadezinha tinha.

Gostei muito do filme e recomendo para outras pessoas, achei bem interessante. Narradores de Javé mostra minuciosamente como a comunicação, mesmo quando falamos de um mesmo acontecimento ou situação, pode estabelecer contradição e quais podem ser as consequências disso. É um filme que traz muita representatividade para o povo nordestino, principalmente pelas variações linguísticas regionais daquele lugar. Acredito e espero que futuramente filmes nacionais tenham mais conhecimento uma vez que, “Narradores de Javé” apresenta um problema presente em grande parte do Brasil até os dias de hoje.